A cura para enxaqueca é um sonho de todas as pessoas que já sofreram com essas fortes dores de cabeça. Mas será que existe uma forma de acabar com a enxaqueca de uma vez por todas?
A enxaqueca é uma condição de saúde comum que afeta mais de 10% da população adulta global [1]. Nos EUA, 14,2% dos adultos norte-americanos foram afetados por enxaqueca ou fortes dores de cabeça [2]. A enxaqueca é uma condição incapacitante que impacta não apenas na produtividade e frequência no trabalho ou na escola, mas também na qualidade de vida em casa.
Mesmo com tantas pessoas sofrendo com essas dores de cabeça, ainda não foi possível encontrar uma cura para enxaqueca que funcione de forma definitiva. Apesar disso, a abordagem da Medicina Integrativa é bem-sucedida em reduzir as incidências e o impacto da enxaqueca – buscando compreender as particularidades de cada paciente.
Quer entender melhor sobre a possibilidade de cura para enxaqueca? Então confira ao longo deste artigo.
O que sabemos sobre a cura para enxaqueca?
Comecemos pelo princípio: a enxaqueca não é apenas uma dor de cabeça. É uma doença neurológica genética com cerca de um bilhão de doentes em todo o mundo – ou seja, uma em cada sete pessoas, três quartos delas mulheres.
Quando surge uma enxaqueca, é praticamente impossível formar um pensamento coerente, muito menos aparecer para trabalhar. Por conta disso, muitas pessoas perdem vários dias de trabalho para enxaquecas. Na verdade, as estatísticas indicam que cerca de 90 por cento das pessoas que sofrem de enxaqueca não podem “trabalhar ou funcionar normalmente” quando estão passando por uma enxaqueca.
A Migraine Research Foundation também revelou que os trabalhadores americanos perdem 113 milhões de dias de trabalho anuais devido a enxaquecas, fazendo com que os empregadores americanos percam mais de US $ 13 bilhões por ano. A enxaqueca é considerada a terceira “doença mais prevalente no mundo” e a sexta “mais incapacitante”.
E ainda assim, os cientistas não parecem particularmente próximos de encontrar uma cura.
A enxaqueca pode ser controlada, mas há uma curva de aprendizado envolvida. Muitas vezes, você tem que trabalhar com um médico para identificar seus gatilhos, que podem incluir álcool, certos alimentos, estresse, alergias, mudanças hormonais, clima, cheiros específicos, dormir tarde demais, ficar acordado até tarde, não dormir o suficiente, pular refeições, desidratação, atividade física intensa e alguns medicamentos.
Sintomas comuns de enxaqueca
O principal sintoma da enxaqueca é geralmente uma dor de cabeça intensa em um lado da cabeça. A dor costuma ser uma sensação latejante moderada ou intensa que piora quando você se move e o impede de realizar suas atividades normais.
Em alguns casos, a dor pode ocorrer em ambos os lados da cabeça e pode afetar seu rosto ou pescoço.
Além disso, outros sintomas comumente associados à enxaqueca incluem:
- Maior sensibilidade à luz e ao som
- Enjoo
- Suor
- Dificuldade para concentração
- Sentir muito calor ou muito frio
- Dor de barriga (abdominal)
- Diarreia
Nem todas as pessoas com enxaqueca apresentam esses sintomas adicionais e algumas pessoas podem experimentá-los sem ter dor de cabeça. Além disso, os sintomas da enxaqueca geralmente duram entre 4 horas e 3 dias, embora você possa se sentir muito cansado por até uma semana depois.
Estágios de uma enxaqueca
Você sabia que as enxaquecas costumam se desenvolver em estágios distintos? Embora nem todos passem por todos eles, esses estágios são:
- Estágio pródomo (pré-dor de cabeça) – mudanças no humor, níveis de energia, comportamento e apetite que podem ocorrer várias horas ou dias antes de um ataque
- Aura – geralmente problemas visuais, como flashes de luz ou pontos cegos, que podem durar de 5 minutos a uma hora
- Estágio de dor de cabeça – geralmente uma dor pulsátil ou latejante em um lado da cabeça, muitas vezes acompanhada de sensação de enjôo, vômito ou extrema sensibilidade à luz brilhante e sons altos, que pode durar de 4 a 72 horas
- Estágio de resolução – quando a dor de cabeça e outros sintomas desaparecem gradualmente, embora você possa se sentir cansado por alguns dias depois
Tratamento de enxaqueca
Já vimos que não existe uma cura para enxaqueca que funcione de forma definitiva. Por conta disso, muitas pessoas costumam usar medicamentos para controlar ou tentar prevenir as dores.
É claro que alguns medicamentos podem ser muito úteis para lidar com as dores e outros sintomas da enxaqueca. Porém, não podemos confundir essas medicações com a cura para enxaqueca – afinal, elas atuam apenas em episódios específicos e não conseguem acabar com essa condição.
É importante ressaltar que é importante buscar o auxílio médico para fazer um diagnóstico clínico baseado nos sintomas e no histórico familiar. A partir disso, é possível fazer um tratamento de acordo com os sintomas e frequência das crises, pois o objetivo é tentar aliviá-las. O médico pode receitar analgésicos específicos para a dor, além de sugerir mudanças no estilo de vida para evitar os gatilhos que podem provocar novos episódios.
O que muitas pessoas não sabem é que a Medicina Integrativa pode ser especialmente eficiente quando falamos sobre o tratamento de enxaqueca. São diversos os relatos de pessoas que diminuíram os impactos negativos das enxaquecas e aumentaram seu bem-estar com auxílio dessa abordagem.
Medicina Integrativa: tratamentos integrados e complementares para enxaqueca
A Medicina Integrativa é uma medicina orientada para a cura que leva em consideração a pessoa como um todo, incluindo todos os aspectos do estilo de vida. Para isso, essa abordagem enfatiza a relação terapêutica entre o médico e o paciente – fazendo uso de todas as terapias adequadas.
Ou seja, a Medicina Integrativa pode oferecer uma gama de terapias além da abordagem convencional para tratar a enxaqueca. Com mudanças no estilo de vida e na alimentação, aliadas com o uso de abordagens como fitoterapia e homeopatia, você pode obter resultados surpreendentes no tratamento da enxaqueca.
Veja algumas das principais abordagens de tratamentos integrados e complementares para enxaqueca:
Yoga
A yoga é uma técnica milenar que inclui técnicas de respiração, atenção plena e meditação, podendo ter efeitos positivos sobre a pressão arterial, glicemia, pressão intraocular e regulação da respiração [3]. Assim, praticar yoga de forma consistente pode reduzir a frequência, intensidade e duração da dor de cabeça, mas para isso é importante a prática regular no seu uso como um tratamento complementar para a enxaqueca.
Em um estudo controlado randomizado realizado sobre a eficácia da ioga em pacientes com enxaqueca, 72 pacientes foram divididos entre fazer tratamento de yoga ou ser parte do grupo de controle. A intensidade da cefaleia, o consumo de medicamentos sintomáticos, o índice de avaliação da dor, os escores de ansiedade e depressão foram significativamente menores no grupo de yoga em comparação com o outro grupo [4].
Tai Chi
O tai chi também pode ter um benefício semelhante para pacientes com enxaqueca. Especificamente, pode ajudar a melhorar o equilíbrio, o que pode ser muito útil para pessoas com sintomas vestibulares ou enxaqueca vestibular.
Mindfulness e meditação
Muitas pessoas acreditam que o estresse é o principal gatilho para a enxaqueca. É aqui que as práticas de mindfulness e a meditação podem entrar em ação, pois são conhecidas por ajudar a reduzir a intensidade, a duração e o uso de analgésicos. Também pode ajudar a aliviar o estresse e a ansiedade, melhorando a sensação de bem-estar.
Vitaminas e Suplementos
Os estudos sobre vitaminas e suplementos comumente usados para o alívio de dores de cabeça encontrou remédios eficientes para o tratamento da enxaqueca, como aromaterapia com óleo de lavanda e xarope de cidra. A riboflavina, também conhecida como vitamina B2, é outro exemplo: uma dose de 400 mg por 3 meses foi comparada com beta-bloqueadores, atingindo resultados similares em relação a frequência de dor de cabeça (ou seja, pacientes com uma diminuição de 50% ou mais de frequência de ataque). Outro estudo mostrou que 400 mg de riboflavina por dia foi eficaz no tratamento da enxaqueca em comparação com o placebo. [5, 6]
Gengibre
O gengibre é usado na China há séculos para tratar dores, inflamações e espasmos musculares, com um potencial agente anti inflamatório e anti trombótico devido à inibição da síntese de prostaglandinas e leucotrienos. Assim, estudos sugerem que seu uso também é eficaz no tratamento de náuseas e dores de cabeça.
Recentemente, um estudo controlado por placebo [7] revelou que o gengibre sublingual era seguro e eficaz como tratamento de pacientes com enxaqueca, especialmente os que frequentemente apresentam cefaléia leve antes do início de cefaléia moderada a grave. Os efeitos adversos mais frequentes são inofensivos, como dormência oral e náusea.
Magnésio
O magnésio tem ação em vários mecanismos do organismo, sendo que um baixo nível de magnésio pode ser detectado em pacientes com enxaqueca durante as crises. Além disso, a deficiência de magnésio é um problema comum. Em estudos, foi demonstrado que a suplementação oral de citrato de magnésio é útil para diminuir a frequência e a gravidade da dor de cabeça, sendo especialmente eficaz em pacientes com enxaqueca menstrual [8].
Acupuntura
Um estudo de meta-análise de acupuntura e profilaxia para enxaquecas analisou 22 ensaios clínicos randomizados com 4.419 pacientes. Seis deles compararam a acupuntura tradicional com nenhum tratamento profilático ou profilático padrão, demonstrando que a acupuntura oferece mais benefícios do que os cuidados de rotina ou o tratamento agudo sozinho. Assim, o posicionamento aceito atualmente é que a acupuntura pode ser uma ferramenta não farmacológica valiosa em pacientes com enxaqueca [9, 10].
Massagem
A massagem terapêutica é benéfica no alívio da dor devido à tensão muscular, equilibrando a circulação do sangue e da linfa e ajudando a regular os padrões de sono. Um estudo controlado randomizado que investigou o efeito da massagem terapêutica em 26 pacientes com enxaqueca crônica revelou que a massagem terapêutica teve um efeito estatisticamente significativo na intensidade da dor em comparação com os controles. A intensidade da dor foi reduzida em 71% no grupo de massagem e não se alterou no grupo de controle. Outro estudo em 48 pacientes mostrou que a frequência dos ataques de enxaqueca foi significativamente reduzida no grupo de massagem em comparação com o grupo de controle, enquanto a intensidade dos ataques não foi alterada [3, 11].
Exercício aeróbico
O efeito do exercício aeróbio em pacientes com enxaqueca pode ser bastante promissor. Um estudo da Turquia mostrou que o exercício aeróbico regular reduz a intensidade, frequência e duração da dor da enxaqueca. Recentemente, um estudo prospectivo, randomizado e controlado que incluiu 99 pacientes mostrou que o exercício aeróbico (3 vezes por semana, 40 minutos) foi tão eficaz quanto o topiramato, um remédio alopático frequentemente usado no tratamento da enxaqueca [12, 13].
Conclusão
A maioria dos pacientes com dor de cabeça pode se beneficiar das modalidades de medicina integrativa, particularmente se houver um elemento de estresse relacionado aos seus sintomas. Tratando o paciente como um todo, é possível caminhar em direção a saúde de forma mais eficiente e completa – curando a origem dos problemas, e não apenas os seus sintomas.
Você já conhecia todas essas informações sobre a cura para enxaqueca? Quer lidar melhor com suas fortes dores de cabeça? Então entre em contato comigo e vamos encontrar juntos o caminho para uma vida mais saudável e feliz!
Referências
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