Você já parou para refletir sobre como funciona o processo de cura de uma enfermidade? Muitas pessoas logo pensam no uso de remédios ou mudanças temporárias em seus hábitos para lidar com momentos de doença. Mas será que podemos nos limitar a isso?
Apesar de vivermos em uma sociedade imediatista que busca tratar cada enfermidade individualmente, o processo de cura vai muito além disso. Ao enxergarmos o ser humano como um conjunto em harmonia, é possível chegarmos a uma visão mais clara do que realmente significa a cura.
Quer entender melhor como funciona o processo de cura de uma enfermidade? Confira ao longo deste artigo!
As mudanças no entendimento de cura
O que você entende como processo de cura de uma enfermidade? Certamente essa é uma pergunta que pode levar a múltiplas respostas e diversos entendimentos, não é?
Da visão mágica ritualística até uma visão lógica e racionalista, os mecanismos operacionais de cura foram e continuam sendo modificados com base no conjunto de fatores históricos presentes e na necessidade emergente de cada época. Por isso, o entendimento de saúde e doença não pode ser reduzido à visão de um conceito único, mas sim compreendido de modo a contemplar todas as dimensões bio/psico/social do Ser.
Nos últimos anos, criou-se uma visão de simplificação com base na separação das partes, conhecida como clássico cartesiano, que influenciou profundamente o entendimento de cura. Em vez de considerar o ser humano como um todo, as pessoas são tratadas como um relógio em funcionamento que, quando avariado, adoece.
Sob essa lógica, consolidou-se um novo entendimento no que se refere à manifestação das doenças, que deixam de ser compreendidas como um fenômeno vital, passando à expressão celular e mecânica. Desse modo, a medicina ocidental contemporânea torna-se uma ciência especializante, reducionista e técnica das doenças, perdendo a característica da “arte de curar” e entender o paciente como um todo. O método alopático da medicina atual enquadra-se dentro da abordagem mecanicista da medicina (que entende a doença como um mau funcionamento da parte), contrapondo-se à visão vitalista, onde se enquadra a Homeopatia, que entende a doença como uma alteração na energia ou força vital do paciente.
Entretanto, existem diversas abordagens vitalistas, que também acabam sendo chamadas de ‘alternativas’ (por serem diferentes do convencional) ou ‘holísticas’ (por englobarem o ser humano como um todo – do grego ‘holos’). Essas abordagens, que a Medicina Integrativa busca justamente ‘integrar’, inspiram-se em modelos filosóficos (como, por exemplo, a filosofia homeopática) e em modelos orientais, pelo fato destes apresentarem uma visão multidimensional e vitalista do mundo, de modo a contemplar e suprir toda uma demanda social no sentido de aliviar o sofrimento humano não abordado pela medicina convencional. Essas práticas levam à transformação, pautando-se de forma fundamental na relação médico-paciente, valorizando o indivíduo e não a sua parte afetada, colocando como foco central a sua saúde, e não a doença. [1]
O que é a doença?
Para compreendermos o processo de cura de uma enfermidade, é essencial termos uma visão clara a respeito do conceito de doença, certo?
Sob o ponto de vista da medicina ocidental, determinado terreno genético predispõe a determinada doença. Esta predisposição pode ser congênita (ALH – Antígenos dos Leucócitos Humanos) ou adquirida (mutação cromossômica). Já na visão do Oriente, a doença é vista como um obstáculo para a realização do Caminho da Vida. Assim, a consciência exprime, por meio de problemas ligados à energia que geram doenças, os entraves ao seu desenvolvimento pleno.
Apesar de estarmos falando de duas visões diferentes, elas não são necessariamente incompatíveis. Para visualizar isso, podemos usar como exemplo um camundongo – cujas experiências em que o estresse é provocado podem gerar alterações cromossômicas. É por isso que, apresentando exatamente o mesmo terreno genético, um indivíduo manifestará a doença enquanto outro não.
Na ausência de manipulações genéticas complexas e ousadas, parece-nos mais simples, mais lógico e menos dispendioso (nesta época de orçamentos restritos) compreender os mecanismos psicoenergéticos que estão por trás da doença a fim de recobrar a saúde. [2]
Encarados por esse prisma, os sintomas surgem como manifestações físicas de conflitos psíquicos e a sua mensagem pode desvendar o problema de cada paciente. Tanto na medicina como na linguagem popular costuma falar-se das mais diversas doenças. Esta imprecisão verbal indica claramente a incompreensão universal de que padece o conceito de doença. Doença é uma palavra que apenas se deveria proferir no singular; dizer doenças, no plural, é tão insensato como dizer saúdes. Doença e saúde são conceitos singulares porquanto se referem a um estado do Ser Humano e não a órgãos ou partes do corpo, como parece querer indicar a linguagem habitual.
Quando as diferentes funções corporais estão em harmonia, denominamo-lo saúde. Se alguma dessas funções sofrer uma perturbação quebra-se a harmonia do conjunto e falamos então de doença. Portanto, a palavra “doença” pode ser entendida como a perda de um estado de harmonia, ou ainda, a perturbação de uma ordem mantida em equilíbrio até então.
É incorreto, portanto, dizer que o corpo está doente – apenas o Ser Humano pode estar doente -, por muito que esse estado de doença se manifeste no corpo enquanto sintoma.
Em resumo, a doença é um estado que indica que o indivíduo deixou de estar em ordem ou em harmonia ao nível da sua consciência. Essa perda do equilíbrio interno manifesta-se ao nível do corpo sob a forma de sintoma. Nessa perspectiva, o sintoma é um sinal portador de informação, uma vez que através da sua aparição interrompe o ritmo da nossa vida e obriga-nos a ficar dependentes dele. O sintoma assinala-nos que, enquanto indivíduos, estamos doentes – ou seja, perdemos o equilíbrio.
O caminho na direção da cura
Ao estabelecermos a diferenciação entre a doença (no plano da consciência) e o sintoma (no plano corporal) nos afastamos da limitação aos processos corporais e nos aproximamos mais de uma contemplação, considerada hoje insólita, do plano psíquico.
Em uma analogia, podemos considerar que essa visão atua na forma de um crítico que não procura melhorar uma peça de teatro de fraca qualidade analisando e modificando o palco, os adereços ou os atores – mas que contempla a obra em si.
Ou seja, se quisermos descobrir aquilo que o sintoma está sinalizando, precisamos desviar o olhar do sintoma e procurar mais além. A cura produz-se exclusivamente a partir de uma doença transmutada, nunca com base num sintoma derrotado, uma vez que cura significa que o Ser Humano se torna mais são.
O caminho do indivíduo segue da insanidade para a sanidade, da doença para a saúde e para a libertação. A doença não é um obstáculo desagradável que se cruza no caminho mas, antes sim, o caminho que o indivíduo percorre em direção à cura. [4]
As leis de cura de Hering
Num contexto mais prático, analisando os tratamentos realizados no combate à doença, podemos entender o processo de cura através das respostas do corpo com as Leis de Cura de Hering.
Na homeopatia, as Leis de Cura de Hering são usadas por muitos profissionais para ajudar a avaliar os resultados clínicos dos tratamentos – assim como a progressão ou retrocesso da doença. Essas Leis são uma evolução histórica das observações do Dr. Samuel Hahnemann sobre as mudanças clínicas que ocorrem em pacientes utilizando uma prescrição homeopática.
Essas regras sugerem que, após um remédio homeopático, a cura ocorre estimulando a força vital do paciente, que responde criando um padrão distinto e consistente. Assim, as Leis de Hering estipulam que, durante uma resposta curativa a uma prescrição, os sintomas melhoram da seguinte maneira:
- Da cabeça para baixo
- De dentro para fora
- Dos órgãos mais importantes aos menos importantes
- Na ordem inversa dos sintomas em que apareceram pela primeira vez
Assim, a Lei de Hering é usada clinicamente para contextualizar os sintomas relatados durante o tratamento da doença e monitorar sinais de cura ao diferenciar respostas de cura positivas de outros sintomas – sejam eles devidos ao processo da doença ou efeitos colaterais de medicação convencional, por exemplo. [3]
=> Leis de Cura de Hering: entenda o processo de cura
E agora, o que fazer?
Tente enxergar o processo de cura como um caminho que precisa ser trilhado. Todo caminho tem um início, um meio, e o fim… talvez um dia cheguemos neste fim, talvez não. Pois, como diziam os antigos sábios, o mais importante não é chegar ao fim, e sim, caminhar. Caminhar sabendo que se está na direção correta, e não apenas se enganando, mascarando coisas, suprimindo sintomas, e vivendo uma vida superficial e sem plenitude. Pois, para viver com plenitude é necessário viver de forma inteira, íntegra e integrada. Com o seu corpo, mente e emoções unidos em um propósito: alcançar a felicidade e a plena expressão dos seus melhores potenciais durante o tempo de vida que lhe cabe. Para isso você pode contar com a ajuda de diversas ferramentas que a Natureza, como grande sábia e mestra, deixou para o ser humano, para auxiliar na sua saúde, como a fitoterapia, a Homeopatia, as vitaminas e minerais, entre outros.
Para a lagarta transformar-se em borboleta, precisa romper o seu casulo. Para você se transformar em um ser saudável, íntegro e em harmonia, é necessário romper os casulos dos velhos hábitos, preconceitos e prisões que o mundo coloca como necessários.
Vamos caminhar juntos neste processo?
Você gostou das informações sobre o processo de cura de uma enfermidade? Está disposto a caminhar em direção à uma melhor saúde? Não perca tempo e agende já sua consulta!
Referências
[1] Alves, I. F. B. O.; Marimon, R. G.; Medeiros, G. M. S. O processo de cura: o diferencial entre cure e healing no fazer naturológico. Revista Último Andar. N. 30, 2017. doi: https://doi.org/10.23925/1980-8305.2017.i30p289-313
[2] Dhoul, Michael. Diga-me onde dói e eu te direi por quê. Elsevier Editora ltda, 2003.
[3] Harrison, Hugh. The development and use of Hering’s Law Assessment Tool (HELAT) in clinical trials. HRI Research Article. Issue 18, Winter 2012.
[4] Dethlefsen, Thorwald; Dahlke, Rüdiger. A Doença como Caminho. Editora Pergaminho, Lda. 2002.