Você sofre com a candidíase de repetição e busca um tratamento eficiente? Ou quer entender mais sobre essa infecção? Apesar de muitas mulheres sofrerem com a candidíase, muitas delas não sabem a melhor forma de lidar com essa complicação.
A boa notícia é que você pode encontrar um tratamento adequado para a candidíase de repetição. Basta se informar sobre o assunto, monitorar o aparecimento dos sintomas e buscar o auxílio médico adequado.
Neste artigo vou contar melhor como é possível tratar a candidíase de repetição. Confira!
Afinal, o que é a candidíase de repetição?
A candidíase é uma infecção causada por um fungo chamado candida, que possui diferentes espécies. Trata-se de um desconforto que inclui corrimento, coceira incômoda e persistente, fissuras e ardência ao urinar.
Com diagnóstico correto e tratamento adequado, é simples resolver o problema. Porém, cerca de 9% das mulheres experimentam mais de 3 episódios de candidíase por ano – o que é definido como candidíase de repetição.
Trata-se de uma condição que resulta em diminuição da qualidade de vida, bem como aumento dos custos de saúde associados.
O que causa a candidíase de repetição?
Embora mais de 50% das mulheres com mais de 25 anos desenvolvam candidíase em algum momento, apenas uma pequena parcela dessas mulheres apresentam recorrências. Mas o que causa essa recorrência?
Estudos indicam que vários motivos diferentes podem levar à candidíase de repetição. Veja os principais deles:
- Uso de antibióticos. Os antibióticos são frequentemente implicados como uma causa de candidíase recorrente. O uso frequente de antibióticos diminui a flora vaginal protetora e permite a colonização por espécies de Candida. O risco de infecção por fungos aumenta com a duração do uso de antibióticos, mas nenhum antibiótico específico mostrou ser mais propenso a causar infecções por fungos. [1]
- Diabetes. Pacientes com diabetes mellitus possuem um fator predisponente para candidíase vulvovaginal recorrente. A hiperglicemia aumenta a capacidade de C. albicans de se ligar às células epiteliais vaginais. [2] No entanto, a menos que outros sintomas sejam sugestivos de diabetes, os pacientes com candidíase vulvovaginal recorrente raramente são diabéticos. [1]
- Uso de anticoncepcionais. Os métodos anticoncepcionais também podem promover recorrências de candidíase. O uso de geleias e cremes espermicidas aumenta a suscetibilidade à infecção, alterando a flora vaginal e aumentando a adesão de organismos Candida. Já as mulheres que tomam pílulas anticoncepcionais orais têm uma taxa maior de candidíase. De acordo com uma teoria, as células de Candida têm receptores de estrogênio e progesterona que, quando estimulados, aumentam a proliferação de fungos. [3]
- Imunodeficiência. Mulheres com tendência à candidíase de repetição podem ter imunidade mediada por células deficiente. Da mesma forma, pessoas com síndrome de imunodeficiência adquirida são suscetíveis à infecção sistêmica por candida. Alguns estudos sugerem que 40 a 70 por cento das mulheres com candidíase vulvovaginal recorrente têm alguma anergia específica, resultando em uma resposta subnormal do linfócito T à Candida.[4]
- Irritação da área vulvovaginal. Fatores físicos também podem ser importantes. A transpiração associada a roupas bem justas ou roupas íntimas mal ventiladas aumenta a temperatura e a umidade locais. A irritação física da área vulvovaginal por roupas ou relações sexuais também pode predispor áreas já colonizadas à infecção. Um estudo demonstrou uma relação positiva entre a frequência mensal de relações sexuais e a incidência de candidíase vulvovaginal recorrente. [5]
- Tratamento inadequado. Em casos de tratamento inadequado da candidíase, a doença pode não ser curada totalmente e voltar a se manifestar.
- Hábitos alimentares. Uma dieta rica em açúcar, refrigerantes, bebidas alcoólicas e carboidratos aumenta os níveis de glicose no sangue e altera o pH da vagina, criando um ambiente propício para a proliferação da cândida. Além disso, uma alimentação saudável também contribui com o aumento da imunidade do corpo – que é um fator para evitar a candidíase de repetição.
Como tratar a candidíase de repetição?
A candidíase de repetição é uma complicação tão comum porque muitos dos tratamentos da medicina tradicional que tratam a candidíase são pouco eficientes nesta situação. Os medicamentos estão disponíveis com formas de dosagem variáveis (vaginal, oral, creme, etc) e frequência de dosagem variando desde o tratamento diário até tratamentos mensais. Porém, a eficácia das opções de tratamento também variam amplamente, variando de 95% a 50% da eficácia.
A razão para isso é que os fungos que causam a candidíase estão presentes naturalmente em nosso organismo. Ou seja, para evitar que se proliferem desordenadamente e causem a infecção, é necessário manter a imunidade em equilíbrio, a flora vaginal saudável e prestar atenção aos hábitos de vida.
Sob a abordagem da Medicina Integrativa, as principais formas de tratamento da candidíase de repetição incluem:
Uso de probióticos
Os probióticos são uma ótima forma de tratamento para infecções fúngicas vaginais recorrentes. O acidophilus láctico (uma cepa probiótica comum) produz ácido láctico, que reduz o pH intestinal e ajuda a estabelecer a flora normal que previne doenças. Estudos em tubos de ensaio demonstraram que o acidófilo láctico pode inibir o crescimento de candida albicans ao produzir uma substância semelhante a um antibiótico natural chamada bactericina, que elimina os coliformes. [6]
Mudanças no estilo de vida
Conforme vimos anteriormente, a candidíase de repetição está muito associada a fatores do dia a dia – como usar roupas íntimas apertadas ou se alimentar incorretamente. Portanto, podem ser sugeridas mudanças no estilo de vida para evitar a recorrência da candidíase – o que inclui controle do stress, atividade física e hábitos alimentares saudáveis, sono de qualidade e em quantidade correta.
Alteração na alimentação
Alguns fatores dietéticos afetam e promovem o crescimento excessivo dos fungos que causam a candidíase de repetição. Portanto, seguir uma dieta especial para o tratamento da candidíase é crucial.
Os elementos mais importantes são os açúcares refinados, como sacarose, suco de frutas, mel e outros alimentos doces, porque o fungo cresce em ambientes açucarados. Alimentos com alto teor de fungos ou leveduras, como bebidas alcoólicas, queijos, frutas secas, pães e produtos fermentados, devem ser evitados, assim como leite e laticínios devido ao alto teor de lactose e, em alguns casos, traços de antibióticos. Da mesma forma, todos os alérgenos presentes nos alimentos devem ser eliminados, pois as alergias enfraquecem o sistema imunológico, promovendo o crescimento de patógenos.
Existem vários motivos para restringir ou eliminar o leite e outros produtos lácteos, não apenas pelos altos níveis de lactose, que promovem o supercrescimento de Candida, mas também porque é um dos alérgenos alimentares mais frequentes, e a presença de níveis vestigiais de antibióticos interrompe a flora bacteriana gastrointestinal. [7]
Reforço do sistema imunológico
Na maioria dos casos de candidíase de repetição, o sistema imunológico está alterado (principalmente deprimido), permitindo um rápido crescimento dos fungos. Isso explica porque os pacientes têm ciclos repetitivos de infecção que levam a danos crescentes e enfraquecimento adicional da resistência. Desse modo, é muito importante potencializar a função imunológica, a fim de proteger o organismo contra agentes infecciosos.
Existem alguns pontos que ajudam a fortalecer a função imunológica e que eliminam, suprimem ou corrigem as causas da função imunológica deprimida. Os principais desencadeadores da imunidade prejudicada e que levam ao supercrescimento de C. albicans são os antibióticos, corticosteróides e outras drogas que suprimem o sistema imunológico, assim como a deficiência de nutrientes, alergias alimentares e estresse. [8]
Assim, restaurar a função imunológica adequada é um dos principais objetivos no tratamento da candidíase crônica; para atingir esse objetivo, algumas estratégias podem ser seguidas: controle do estresse, restrição alimentar, suplementação nutricional, terapia glandular, exercícios e uso de medicamentos à base de plantas. No entanto, como a remissão clínica da candidíase depende diretamente da função das células T, também é crucial melhorar a função da glândula timo. Para isso, é necessário garantir uma ingestão adequada de antioxidantes, por meio da suplementação nutricional, como carotenos, vitaminas A, C e E, zinco e selênio. Algumas plantas poderiam ser utilizadas para complementar esta intervenção, nomeadamente, Echinacea angustifolia, Hydrastis canadensis e Glycyrrhiza glabra. [9]
Busque o tratamento adequado para você!
Vimos ao longo deste artigo as principais causas e tratamentos para a candidíase de repetição. Entretanto, é sempre importante buscar um acompanhamento médico para que você consiga encontrar o melhor caminho para a cura – levando em consideração todas as particularidades do seu corpo.
Você já conhecia todas essas informações sobre a candidíase de repetição? Quer encontrar o melhor tratamento para você? Então entre em contato comigo e vamos encontrar juntos o caminho para uma vida mais saudável e feliz!
Referências
[1] Reed B. Risk factors for Candida vulvovaginitis. Obstet Gynecol Surv. 1992;47:551–60
[2] Bohannon NJ. Treatment of vulvovaginal candidiasis in patients with diabetes. Diabetes Care. 1998;21:451–6.
[3] Sobel JD, Faro S, Force RW, Foxman B, Ledger WJ, Nyirjesy PR, et al. Vulvovaginal candidiasis: epidemiologic, diagnostic, and therapeutic considerations. Am J Obstet Gynecol. 1998;178:203–11.
[4] Sobel JD. Pathogenesis and treatment of recurrent vulvovaginal candidiasis. Clin Infect Dis. 1992;14(suppl 1):S148–53.
[5] Spinillo A, Pizzoli G, Colonna L, Nicola S, De Seta F, Guaschino S. Epidemiologic characteristics of women with idiopathic recurrent vulvovaginal candidiasis. Obstet Gynecol. 1993;81:721–7.
[6] Fong IW. the value of prophylactic (monthly) clotrimazole versus empiric self-treatment in recurrent vaginal candidiasis. Genitourin Med. 1994;70(2):124‒126.
[7] Jin Y, Samaranayake LP, Samaranayake Y, Yip HK. Biofilm formation of Candida albicans is variably affected by saliva and dietary sugars. Arch. Oral Biol. [Internet]. 2004 [cited 2013 Aug 6];49:789–98. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15308423
[8] Vázquez-González D, Perusquía-Ortiz AM, Hundeiker M, Bonifaz A. Opportunistic yeast infections: candidiasis, cryptococcosis, trichosporonosis and geotrichosis. J. Ger. Soc. Dermatology [Internet]. 2013 [cited 2013 May 27];11:381–94. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23621330
[9] Shahar E, Kriboy N, Pollack S. White cell enhancement in the treatment of severe candidosis. Lancet. 1995;346:974–5. Goop. Candida and Other Yeast Infections. Disponível em: https://goop.com/wellness/health/candida-and-yeast-infections/
Wong, M. Possible treatment options for recurrent yeast vaginal yeast infections. Pharmacy & Pharmacology International Journal. 2016;3(3):288-289 doi: 10.15406/ppij.2015.03.00056
Felix TC, de Brito Röder DVD, Dos Santos Pedroso R. Alternative and complementary therapies for vulvovaginal candidiasis. Folia Microbiol (Praha). 2019 Mar;64(2):133-141. doi: 10.1007/s12223-018-0652-x
Rosati D, Bruno M, Jaeger M, Ten Oever J, Netea MG. Recurrent Vulvovaginal Candidiasis: An Immunological Perspective. Microorganisms. 2020 Jan 21;8(2):144. doi: 10.3390/microorganisms8020144