Hipócrates, considerado o pai da Medicina, ensinava que “todas as doenças começam no intestino.” E esta ideia continua a ser muito atual mais de 2.000 anos depois. Afinal, existe uma relação cada vez mais clara entre desordens comportamentais e microbiota intestinal.
Os campos da microbiologia, gastroenterologia e neurociência têm evoluído gradualmente ao longo do tempo e um progresso notável na medicina moderna foi alcançado não apenas em suas trajetórias individuais, mas também em sua interação ativa. Recentemente, tornou-se evidente que a flora bacteriana intestinal pode influenciar enormemente todos os aspectos da fisiologia, incluindo a comunicação cérebro-intestino, função cerebral e até mesmo o comportamento.
Ou seja, a microbiota intestinal pode exercer um impacto direto sobre os estados de humor – influenciando em condições como ansiedade, depressão, transtorno bipolar, esquizofrenia, entre outras.
Neste artigo vamos compreender melhor a relação entre desordens comportamentais e microbiota intestinal. Acompanhe logo a seguir.
O que é a microbiota intestinal?
A microbiota intestinal engloba um ecossistema compacto e diverso que contém cerca de 1.000 a 5.000 espécies diferentes, das quais 99% pertencem aos filos Firmicutes, Bacteroidetes, Proteobacteria e Actinobacteria. Esta comunidade compreende mais de 100 trilhões de células microbianas que habitam os pequenos e grandes intestino, que é estimado em 10 vezes o número de todas as outras células do corpo humano. Da mesma forma, existem cerca de 3,3 milhões de genes microbianos intestinais, o que é 150 vezes o número de genes no genoma humano.
A colonização microbial do intestino humano começa muito cedo na vida, ainda na fase gestacional – e, no momento do nascimento, o recém-nascido carrega já alguns microorganismos presentes no corpo da mãe (por este motivo o parto normal favorece uma microbiota saudável!). Ao longo do crescimento, a microbiota intestinal vai sendo refinada e modificada continuamente, até que alcance a homeostase na fase adulta.
A diversidade e estabilidade da microbiota são indícios muito importantes da saúde de um indivíduo de modo geral. Ela possui atuação relevante em vários processos importantes do organismo, sendo que alterações no equilíbrio da microbiota pode levar ao desenvolvimento de vários problemas, como disfunções do sistema imune e desordens comportamentais. No entanto, a imensa importância da microbiota intestinal no bom funcionamento do corpo e na saúde de forma ampla ainda estão sendo estudados. Vamos ver a seguir como os genes microbianos intestinais podem interferir tão profundamente nos estados de humor.
Qual é a relação entre as desordens comportamentais e microbiota intestinal?
A microbiota intestinal desempenha um papel importante na comunicação bidirecional entre o intestino e o sistema nervoso central. Evidências crescentes sugerem que a microbiota intestinal pode influenciar a função cerebral por meio das vias neuroimunes e neuroendócrinas, bem como do sistema nervoso. Os avanços nas técnicas de sequenciamento de genes facilitam ainda mais a investigação da relação subjacente entre a microbiota intestinal e os transtornos psiquiátricos. Nos últimos anos, os pesquisadores exploraram preliminarmente a microbiota intestinal em pacientes com transtornos de humor.
Os resultados mostraram que a diversidade microbiana e as composições taxonômicas foram significativamente alteradas em comparação com indivíduos saudáveis. A maioria dessas descobertas revelou que os gêneros bacterianos produtores de ácidos graxos de cadeia curta diminuíram, enquanto os gêneros pró-inflamatórios e aqueles envolvidos no metabolismo lipídico aumentaram em pacientes com episódios depressivos.
Curiosamente, a abundância de Actinobacteria, Enterobacteriaceae foi aumentada e Faecalibacterium diminuiu consistentemente em pacientes com transtorno bipolar ou transtorno depressivo maior. Alguns estudos indicaram ainda que bactérias específicas estavam associadas a características clínicas, perfis inflamatórios, marcadores metabólicos e tratamento farmacológico. Esses estudos apresentam evidências preliminares do importante papel da microbiota intestinal nos transtornos de humor, por meio do eixo cérebro-intestino-microbiota, que surge como um alvo promissor para o diagnóstico de doenças e intervenções terapêuticas no futuro.
Micróbios intestinais são capazes de fermentar carboidratos complexos em ácidos graxos de cadeia curta (SCFAs). A) SCFAs produzidos microbianamente sinalizam para células epiteliais que criam a barreira hematoencefálica (BBB) e aumentam a produção das proteínas de junção de oclusão claudina-5 e ocludina. Isso leva a uma barreira rígida e seletiva, evitando que metabólitos indesejados entrem no parênquima cerebral. B) Na ausência de fermentação microbiana, nenhuma sinalização de SCFA ocorre e as proteínas de junção de oclusão são reprimidas. Isso leva ao aumento da permeabilidade da BBB e à perda da barreira seletiva aos metabólitos séricos.
Com base nestes estudos, é possível concluir que a saúde e o equilíbrio da microbiota intestinal possui um papel de grande importância para a saúde física e mental do corpo humano. Portanto, é fundamental ter cuidado e buscar manter a saúde do sistema intestinal.
Para isso, é importante buscar o auxílio de um profissional médico não apenas em casos de enfermidades, mas também para manter o intestino regulado como forma de prevenção – permitindo que você viva uma vida com mais energia e felicidade!
Você já conhecia a relação entre as desordens comportamentais e microbiota intestinal? Não perca o tempo, agende já sua consulta, assim podemos caminhar juntos em direção à uma melhor saúde. Ser saudável é ser feliz!
Nos próximos artigos do blog vamos aprofundar mais na relação entre as desordens comportamentais e microbiota intestinal. Continue acompanhando e até breve!
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Referências
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