Você sabia que a Índia possui uma das menores taxas de mortalidade do mundo em decorrência do coronavírus? Levando em consideração que o país possui o segundo maior número de casos do mudo (ultrapassando 8.5 milhões), estamos diante do chamado “enigma do Coronavírus na Índia”.
Porém, essa baixa taxa de mortalidade do Coronavírus na Índia não ocorre por acaso. São vários os fatores que podem levar a essa realidade – incluindo a utilização de tratamentos alternativos que vão além do convencional.
Nas próximas semanas, vamos investigar o caso da Índia e entender os principais aspectos que explicam esta resposta extraordinária a um vírus que se mostrou capaz de impactar profundamente até mesmo países com muito mais recursos financeiros disponíveis para o tratamento da população. Está disposto a desvendar o enigma do Coronavírus na Índia? Então vamos lá!
Os números da Índia na pandemia
Uma diferença nas taxas de mortalidade em decorrência do COVID-19 foi observada entre os países, possivelmente devido a variações demográficas, diferenças nas cepas de vírus em circulação e a natureza das medidas de contenção implementadas.
As taxas de mortalidade nos Estados Unidos, Reino Unido, Itália, França e Espanha ultrapassaram as da Índia em vários níveis. Na contramão de grande parte dos países mais ricos do mundo, a Índia, o segundo país mais populoso (1,3 bilhão de pessoas), documentou o primeiro caso de COVID-19 em 30 de janeiro de 2020, mesmo dia da Itália (Kaushik et al., 2020). Em 3 de julho de 2020, a Índia relatou um total de 625.544 casos e 18.213 mortes, o que reflete uma trajetória mais branda de mortalidade (2,8%) em comparação com os números globais.[1]
A pandemia causou um impacto considerável na infraestrutura de saúde em todo o planeta, com as instalações médicas lutando para lidar com a crescente demanda por medicamentos que salvam vidas, respiradores e equipamentos de proteção individual. Apesar das consequências catastróficas desta pandemia em várias nações ricas, seu impacto na população indiana parece ser muito menor em termos de gravidade e também de mortalidade. Do total de 227.439 casos ativos de COVID-19 até 03 de julho de 2020 na Índia, 15,3% necessitaram de admissão na UTI, 4,16% necessitaram de suporte respiratório e 15,9% necessitaram de oxigênio suplementar, todos apontando para uma doença menos grave entre os indianos.[2]
Em 3 de julho de 2020, a Índia relatou uma taxa de positividade de casos de 6,5% e uma taxa de mortalidade de 2,8%, que estão entre as mais baixas do mundo. Além disso, a gravidade da doença é bem menor entre os indianos, conforme evidenciado pelo baixo índice de internação em UTI (15,3%) e pela necessidade de respiração mecânica (4,16%). De acordo com o relatório de situação 165 da Organização Mundial da Saúde (OMS) em 3 de julho de 2020, a Índia tem uma das mortes mais baixas por 100.000 habitantes (1,32 mortes contra uma média global de 6,04).
Em novembro de 2020, a Índia apresenta um histórico de 8.912.907 casos, com 130.993 mortes – uma taxa de mortalidade de 1,47%.
O que explica a baixa taxa de mortalidade na Índia?
Vários fatores relacionados ao patógeno, hospedeiro e ambiente podem ter algum papel na redução da suscetibilidade dos indianos ao COVID-19. Estes incluem algumas mutações em andamento que podem alterar a virulência das cepas circulantes de SARS-CoV-2, fatores do hospedeiro como imunidade inata, diversidade genética em respostas imunes, fatores epigenéticos, polimorfismos genéticos de receptores ACE2, micro RNAs e vacinação BCG universal e ambiental fatores como alta temperatura e umidade que podem alterar a viabilidade e transmissibilidade da cepa.
Porém, além disso, muitos estudos apontam que a extensa utilização de tratamentos alternativos pelo sistema de saúde indiano é um fator determinante para uma taxa de mortalidade tão baixa na pandemia – e ajudam a desvendar o enigma do Coronavírus na Índia. Da mesma forma, fatores ambientais como a cultura e o modo de vida indiano podem estar intrinsecamente relacionados à resposta extraordinária do país a um vírus capaz de gerar impactos enormes em nações com muito mais recursos disponíveis para a população.
O tratamento do Coronavírus na Índia
Para compreender o desempenho da Índia frente ao Coronavírus, é necessário conhecer as peculiaridades do sistema de saúde do governo indiano – especialmente o Ministério AYUSH. Conhecido pela sigla AYUSH, o Ministério de Ayurveda, Yoga e Naturopatia, Unani, Siddha e Homeopatia é responsável por coordenar e distribuir tratamentos focados em medicina alternativa no país, como complementação ao tratamento alopático tradicional que conhecemos da medicina ocidental.
Em um contexto em que ainda não existe vacina ou tratamento alopático específico, como o momento atual, as diferenças da mentalidade medicinal indiana podem ser observadas pelos resultados inusitados apresentados pelo país frente à crise do Coronavírus. Tanto para o tratamento da doença como para a sua prevenção, o AYUSH vem divulgando uma série de diretrizes e orientações a serem seguidas, que buscam fortalecer a imunidade do organismo e dar suporte ao sistema respiratório, reforçando a saúde como um todo. Assim, são incluídas instruções de consumo de substâncias e produtos naturais, recomendações de dieta e bons hábitos de saúde – assim como uma forte presença da medicina homeopática como estratégia de combate ao vírus.
Lições extraídas do uso da homeopatia na Índia
A COVID-19 evoluiu como um problema de saúde pública com risco de vida global, afetando mais de milhões de pessoas. As direções para combater esta doença terrível visam métodos de distanciamento social, permanência em casa, uso de máscaras, evitando encontros sociais e evitando contato com pessoas infectadas.
Além disso, os países enfrentam o desafio de fornecer centros de quarentena e leitos de isolamento em hospitais e centros de atendimento para COVID-19 de acordo com a gravidade da doença, pois os pacientes assintomáticos ou com sintomas leves podem ser tratados em casa.
Com essa pandemia se alongando por vários meses, um estado de pânico também está causando mudanças psicológicas nas pessoas, o que reduz sua imunidade. Entre os tratamentos alternativos, a homeopatia é um exemplo de aplicação por ter um grande alcance no tratamento de casos de COVID-19, uma vez que considera o estado físico e mental do paciente e sua prescrição sintomática aumenta a imunidade – o que ajuda nosso próprio sistema imunológico a aniquilar o vírus de nosso corpo.
A homeopatia possui mais de mil medicamentos comprovados que orientam o médico a uma prescrição precisa de acordo com a gravidade da doença e o quadro individual do paciente. Portanto, podemos afirmar que além do tratamento convencional, o manejo homeopático também deve ser focado para diminuir o fardo da morbidade em todo o mundo.
Você já conhecia a realidade do Coronavírus na Índia? Ficou interessado no uso de tratamentos alternativos no controle do COVID-19? Continue acompanhando o blog para conferir nas próximas semanas mais informações sobre este caso interessantíssimo de aplicação da medicina alternativa! Para dúvidas, deixe seu comentário ou entre em contato comigo.
Referências
SAMADDAR, A.; GADEPALLI, R.; NAG, V. L.; MISRA, S. (2020). The Enigma of Low COVID-19 Fatality Rate in India. Frontiers in genetics, 11, 854. doi: https://doi.org/10.3389/fgene.2020.00854
VIJAYAKAR, P. Predictive Homoeopathy Official. April, 2020. Disponíevel em: https://youtu.be/Bp9fXD6gugl
[1] World Health Organization (WHO). Coronavirus disease (COVID-19): situation report, 165. Geneva: WHO; 03 July 2020. Available from: https://www.who.int/emergencies/diseases/novel-coronavirus-2019/situation-reports/ (Accessed July 3, 2020).
[2] HINDUSTAN TIMES. Only 4.16% of Covid-19 patients in India require ventilator support: Official. Jun 25, 2020. Disponível em: https://www.hindustantimes.com/india-news/only-4-16-of-covid-19-patients-in-india-require-ventilator-support-official/story-isRJJrcO3mGdK8iHtd4w3H.html