O tratamento convencional do câncer é conhecidamente um processo desafiador para os pacientes, que gera muitos efeitos colaterais que variam entre desconfortos físicos, impactos psicológicos e decorrências extremamente dolorosas. Neste sentido, a homeopatia pode ser uma poderosa aliada para as pessoas que desejam atenuar os efeitos colaterais do tratamento convencional do câncer, sendo eficiente em combater várias consequências deste processo. Além de melhorar a qualidade de vida, o tratamento com a Homeopatia aliado ao tratamento convencional do câncer pode aumentar a sobrevida (anos de vida após um tumor grave) e diminuir a chance de recorrências dos tumores.
Mais do que isso, estudos são cada vez mais otimistas em relação ao uso da homeopatia no tratamento do câncer – auxiliando a medicina alopática tradicional a garantir resultados melhores.
Quer entender melhor quais são os potenciais de uso da homeopatia no tratamento do câncer? Então confira logo a seguir.
Estudos sobre a Homeopatia como tratamento complementar no combate ao câncer
Para ajudá-lo a entender como a homeopatia contribui no tratamento do câncer, vamos conhecer alguns estudos sobre o tema:
Um estudo conduzido por Oberbaum [1] testou a eficácia de Traumeel S contra a estomatite induzida por quimioterapia após o transplante de células-tronco alogênicas ou autólogas. Os pacientes foram randomizados em dois grupos: enxágue oral com Traumeel S ou enxágue com placebo. Diferenças significativas a favor do grupo Traumeel S foram observadas em termos de redução na gravidade ou duração (ou ambos) da estomatite e no tempo de piora dos sintomas. Os pacientes deste grupo apresentaram redução da dor e desconforto oral, do ressecamento da boca e da língua, da dificuldade de engolir e da disfagia.
Kulkarni [2], por sua vez, conduziu um estudo clínico randomizado controlado para testar a eficácia da homeopatia na gravidade dos efeitos colaterais relacionados à radioterapia. Pacientes com diferentes tipos de câncer foram randomizados em três grupos paralelos recebendo placebo, cobalto C30 ou cáustico C30. Os pacientes foram avaliados semanalmente usando um perfil de reação à radiação de 18 pontos, e a classificação média foi calculada no final do estudo. Em comparação com o placebo, o perfil de reação foi menor em ambos os grupos experimentais.
Outro estudo, publicado por Balzarini [3], testou a eficácia do tratamento homeopático para reações cutâneas durante o tratamento radioterápico para câncer de mama. Os pacientes foram randomizados em dois grupos: um grupo que recebeu três grânulos de beladona 7CH duas vezes ao dia e raio-X 15CH uma vez ao dia, e um grupo que recebeu placebo. Os pacientes tratados com homeopatia notaram menos hiperpigmentação e uma diminuição na temperatura da pele. Embora as diferenças não se mantiveram significativas ao final das 10 semanas de acompanhamento, os escores de gravidade total favoreceram a homeopatia, e auxiliaram a diminuir o incômodo no período da recuperação dos pacientes
Outra pesquisa, feita por Jacobs e colegas [4], avaliou a eficácia da homeopatia para os sintomas da menopausa em 83 sobreviventes de câncer de mama. As pacientes foram randomizadas em três grupos: uma combinação de placebo e um único remédio verdadeiro; uma combinação de medicamentos verdadeiros e um único remédio verdadeiro; e duas combinações de placebo. Os remédios únicos consistiam em 35 medicamentos homeopáticos diferentes, principalmente sépia, calcarea carbonica, enxofre, lachesis e kali carbonicum, enquanto o remédio combinado era a “menopausa de Hyland”, que contém nitrato de amila, sanguinaria canadensis e lachesis. Nenhuma diferença significativa foi encontrada entre os três grupos em termos de pontuação de sintomas ao longo de um período de 1 ano, mas uma melhora significativa na pontuação geral de saúde foi observada em ambos os grupos de homeopatia em comparação com o grupo de placebo.
Além disso, um estudo observacional realizado em 2011 descobriu que os tratamentos homeopáticos realmente melhoraram a qualidade de vida de alguns pacientes com câncer. [5] Por fim, podemos citar a pesquisa de Kienle et al [6], que demonstra que o visco, um arbusto perene semiparasitário usado em alguns preparados homeopáticos, pode ajudar pacientes com câncer a estabilizar a doença, obter capacidade de resposta, melhorar a qualidade de vida e melhorar a tolerabilidade dos tratamentos convencionais de câncer. Os médicos relataram mais estabilidade da doença a longo prazo e melhorias na condição geral dos pacientes, vitalidade, força, conforto térmico, apetite, sono, dor de metástases ósseas, dispneia na linfangite pulmonar carcinomatosa, fadiga e caquexia; a quimioterapia foi melhor tolerada. Além disso, foi relatado que a condição emocional e mental dos pacientes melhorou.
O câncer e a Homeopatia: potencial de uso
Existe muita expectativa para o futuro da homeopatia como uma potencial alternativa na cura do câncer. Vamos iniciar esta explicação com os conceitos básicos, a começar com a água. A água é um dos maiores mistérios da natureza, sendo muito mais complexa do que estamos acostumados a pensar.
O imunologista francês Jacques Benveniste fez pesquisas com anticorpos, notando que o efeito biológico dos anticorpos ainda existia, mesmo quando a solução estava tão diluída que os anticorpos não estavam mais presentes. Isso o lembrou da homeopatia. Ele afirmou que a água deve ter a capacidade de, a simples modo, “memorizar” as propriedades com que entra em contato – o que explica como os remédios homeopáticos funcionam mesmo quando a substância está tão diluída que nem mesmo uma molécula da substância sobrou.
Isso pode ser explicado, a modo simples, por estes fatos: quando o gelo derrete para formar água líquida, apenas cerca de metade das ligações de hidrogênio entre as moléculas de água são destruídas. Assim, a água líquida consiste em grandes conglomerados (aglomerados) de gelo sólido nadando no estado líquido da água. Isso torna a água altamente não homogênea, e suas propriedades não lineares.
Uma dessas propriedades não lineares é a histerese, ou a tendência de um sistema de conservar suas propriedades na ausência de um estímulo que as gerou. Isso significa que a história da água é importante, e Benveniste podia estar certo na sua explicação sobre a “memorização”.
Neste sentido, outro fato importante a entender é que o câncer, em seu estado final de malignidade, é uma massa confusa de células desintegradas, que se multiplicam sem sentido e fora de controle. As células não podem mais se comunicar e manifestar comportamento coletivo, nem podem formar uma arquitetura útil. Como o espaço entre as células é principalmente água, no caso do câncer ela pode ter um papel fundamental no desenvolvimento da doença – assim como na sua cura.
O que os remédios homeopáticos buscam fazer é mudar as distorções na estrutura da água do corpo causadas pelas enfermidades, auxiliando a iniciar o processo de recuperação do corpo. Isso acontece por meio de uma reação a este incentivo, enquanto a cura ocorre quando o corpo se recupera e consegue voltar a manter um ambiente interno estável. [7]
É assim que a homeopatia ajuda a tratar o paciente, e não apenas a combater a enfermidade – é uma cura de dentro para fora. E é desta mesma maneira que vêm sendo conduzidos estudos no sentido de utilizar estas propriedades dos tratamentos homeopáticos para avançar a medicina atual e auxiliar a medicina alopática tradicional a garantir resultados melhores no tratamento do câncer. As expectativas para o futuro são grandes.
Cuidados e considerações
O uso de remédios homeopáticos é bastante seguro de maneira geral, e não há evidências de que os homeopáticos interfiram nos tratamentos convencionais porque quase não há nenhuma substância neles. No entanto, é importante salientar que os homeopáticos podem fazer mais mal do que bem se atrasarem o uso de terapias convencionais, pois devem ser utilizados de forma integrada.
Outro ponto importante é entender que os tratamentos homeopáticos, que contêm quantidades microscópicas de uma substância, não são iguais aos remédios à base de ervas, que contêm quantidades mensuráveis de uma substância. Os remédios fitoterápicos podem interferir na eficácia dos tratamentos convencionais ou potencialmente aumentar os efeitos colaterais.
Se você deseja incluir a homeopatia em seu protocolo de tratamento do câncer, é essencial fazer acompanhamento médico adequado com um especialista. Além disso, existem várias recomendações a que você deve estar atento:
- Não substitua o tratamento alopático por homeopatia
- Não adie a consulta ao médico fazendo tratamentos alternativos
- Em caso de gravidez ou amamentação, consulte um médico antes de usar qualquer produto homeopático
- Entenda que o uso de plantas medicinais em oncologia não é algo simples, e deve ser acompanhado por um médico especializado.
Você já conhecia a possibilidade de usar a Homeopatia no tratamento de câncer? Ficou com dúvidas sobre o assunto? Deixe o seu comentário ou envie uma mensagem para mim!
Referências
[1] Oberbaum M, Yaniv I, BenGal Y, et al. A randomized, controlled clinical trial of the homeopathic medication Traumeel S in the treatment of chemotherapy-induced stomatitis in children undergoing stem cell transplantation. Cancer. 2001;92:684–90. doi: 10.1002/1097-0142(20010801)92:3<684::aid-cncr1371>3.0.co;2-#
[2] Kulkarni A, Nagarkar BM, Burde GS. Radiation protection by use of homeopathic medicines. Hahnemann Homeopath Sand. 1988;12:20–3.
[3] Balzarini A, Felisi E, Martini A, De Conno F. Efficacy of homeopathic treatment of skin reactions during radiotherapy for breast cancer: a randomised, double-blind clinical trial. Br Homeopath J. 2000;89:8–12. doi: 10.1054/homp.1999.0328
[4] Jacobs J, Herman P, Heron K, et al. Homeopathy for menopausal symptoms in breast cancer survivors: a preliminary randomized controlled trial. J Altern Complement Med. 2005;11:21–7. doi: 10.1089/acm.2005.11.13
[5] Rostock, M., Naumann, J., Guethlin, C. et al. Classical homeopathy in the treatment of cancer patients – a prospective observational study of two independent cohorts. BMC Cancer 11, 19 (2011). doi: 10.1186/1471-2407-11-19
[6] Kienle GS, Mussler M, Fuchs D, Kiene H. Intravenous Mistletoe Treatment in Integrative Cancer Care: A Qualitative Study Exploring the Procedures, Concepts, and Observations of Expert Doctors. Evid Based Complement Alternat Med. 2016;2016:4628287.doi: 10.1155/2016/4628287
[7] Kuman M. How homeopathy works-homeopathy and cancer. Int J Complement Alt Med. 2019;12(1):10?13. DOI: 10.15406/ijcam.2019.12.00441