Você está em busca de compreender melhor a causa das suas doenças e dos seus sintomas? Muitas pessoas nos dias atuais têm buscado olhar mais profundamente para a sua saúde, buscando um olhar integrado entre todas as suas ‘partes’, que permita uma saúde plena e natural.
A boa notícia é que a ciência também tem avançado muito neste aspecto. E, uma das áreas com grande avanço nas pesquisas científicas atuais é a Psico-Neuro-Endócrino-Imunologia.
Através deste estudo as ciências da saúde têm começado a entender esta ‘integração’ do ser humano (que não é uma máquina dividida em partes) de forma muito concreta através das vias de comunicação entre estes diferentes sistemas orgânicos.
Assim, a Medicina Integrativa, que busca este olhar mais amplo e global dos enfermos, explora uma abordagem que trata a doença de forma mais permanente, corrigindo mais profundamente as causas para evitar a recorrência ou a supressão dos sintomas.
Quer entender como a Psico-Neuro-Endócrino-Imunologia pode lhe ajudar a ter uma saúde mais integral? Confira ao longo deste artigo!
O que é a Psico-Neuro-Endócrino-Imunologia (PNEI)?
É um ramo inovador dentro da investigação científica atual que trata do estudo das interações entre o comportamento e os sistemas nervoso, endócrino e imunológico do corpo humano.
Atua buscando compreender de forma científica a integração entre estes sistemas e as substâncias mais frequentemente envolvidas entre eles: os antígenos, as citocinas, neurotransmissores e hormônios em geral.
Atualmente, não há dúvidas de que a imunidade tem um papel significativo na geração de muitas doenças. Essencialmente, não há sistema ou órgão no corpo o qual não tenha consequências com uma imunidade comprometida. Além disso, esse comprometimento também tem relação com outras doenças chamadas multissistêmicas por afetarem vários sistemas no corpo ao mesmo tempo.
Veja abaixo algumas doenças relacionadas ao eixo PNEI desregulado:
- Doenças autoimunes:
- Tireoidite de Hashimoto
- Diabetes mellitus tipo 1
- Lúpus eritematoso
- Artrite reumatoide
- Entre outras
- Doenças cardiovasculares
- Infertilidade
- Obesidade e dificuldade em emagrecer
- Depressão e ansiedade
- Dormir o suficiente.
- Alergias
- Asma
- Rinite e sinusite crônicas
- Imunidade fraca
- Entre outras;
No entanto, nem sempre o problema é a imunidade fraca, mas também quando ela está modificada, por exemplo, em situações nas quais ela ultrapassa as respostas imunológicas normais para cada situação. Entre estas estão vários tipos de hipersensibilidades, como alergias, atopias, anafilaxias (pólen, comida, etc.), asma, quando o corpo responde a alérgenos do ambiente externo de uma maneira exagerada. No entanto, além destas afecções, também existem as doenças autoimunes, quando o corpo ataca a si mesmo. E, por fim, o câncer, quando os diversos mecanismos de autorregulação do organismo de eliminação de células cancerígenas em formação não conseguiram exercer sua ação e surge este agrupamento celular anômalo que é o câncer.
O que interfere no eixo PNEI saudável?
Quando falamos deste tema é necessário avaliar a interação entre a carga genética do indivíduo, além da exposição ambiental a agentes tóxicos, alimentação desbalanceada, microbiota intestinal desregulada, uso de medicamentos e a resposta individual ao estresse.
Na figura acima mostra-se essa interação entre estes diferentes fatores que afetam a Psiconeuroimunologia. Além disso, a figura da esquerda, mostra a interação entre o sistema nervoso central (CNS), o sistema imune e o sistema endócrino, todos sendo estimulados pelo stress, e interconectados através das moléculas que estão no centro (hormônios, neurotransmissores, citocinas, etc)
A influência dos agentes estressores no eixo PNEI
Os agentes estressores (conhecidos como estresse) podem produzir consequências profundas para a saúde. Em um estudo epidemiológico, por exemplo, a mortalidade por todas as causas aumentou no mês seguinte a um agente estressor grave – a morte de um cônjuge. Os teóricos deste assunto propõem que eventos estressantes desencadeiam respostas cognitivas e afetivas que, por sua vez, induzem o sistema nervoso simpático e alterações endócrinas, e estas, em última análise, prejudicam a função imunológica. As consequências potenciais para a saúde são amplas, mas incluem taxas de infecção maiores, progressão do HIV e incidência e progressão do câncer.
Os fatores estressantes e a resposta ao estresse são conceitos distintos. O estresse é classicamente definido como uma perturbação da homeostase normal do corpo que ocorre quando as demandas do ambiente excedem os recursos que a pessoa percebe que tem para lidar com elas. Alguns teóricos mais recentes introduziram uma visão ampla do estresse chamada de “alostase” ou, “estabilidade durante a mudança”. Essa visão explica os sistemas corporais como existentes em um estado de fluidez que responde de forma equilibrada às demandas do ambiente.
Repetidas demandas, entretanto, testam a capacidade do organismo de responder e retornar à normalidade, produzindo o que chamam de “carga alostática”. Ou seja, são duas coisas distintas, às demandas do ambiente (os fatores estressantes) e as respostas à essas demandas (resposta ao estresse).
Esta teoria sugere então que o principal aspecto da resposta psicológica ao estresse é cognitiva – ou seja, o evento precisa ser percebido como estressante. Algo que é estressante para um não é para outro, e vice-versa. Ainda, os pesquisadores avaliaram que, à nível cerebral e cognitivo, existem duas etapas da resposta ao estresse:
- A percepção do evento estressor
- A avaliação da sua capacidade de responder ao estímulo.
Esta segunda etapa determina o tipo, a intensidade e a direção da reação emocional que se terá em relação a este estímulo (ansiedade, raiva, culpa, tristeza, vergonha, inveja, desgosto). E essa resposta varia em cada indivíduo de acordo à sua constituição, ao seu temperamento (segundo Hipócrates – colérico, fleumático, sanguíneo e melancólico) e às suas experiências prévias com aquela temática. Também, segundo Jung, às reações do indivíduo dependem de elementos que estão no seu inconsciente. Por exemplo: um medo, ou um pânico de agulhas pode simbolizar alguma experiencia previa dolorosa que não necessariamente se relaciona com agulhas em si.
A figura acima descreve as principais etapas nesta cadeia hipotética de eventos, junto com seus mediadores e moderadores. Cada etapa deste modelo (ou seja, estressor, resposta ao estresse psicológico, resposta fisiológica ao estresse, alterações imunológicas e processos de doença) é considerada como causal. Fatores da constituição individual (por exemplo, personalidade) moderam o efeito dos estressores físicos sobre a resposta ao estresse psicológico.
Este ramo científico está se desenvolvendo muito rapidamente. Um tema muito interessante e promissor deste estudo e que promete ser de grande interesse nos próximos anos é o papel das diferenças individuais na experiência subjetiva do estresse e suas implicações para a função imunológica.
O estresse subjetivo é frequentemente considerado implicitamente na literatura, mas raramente é estudado explicitamente. Na verdade, o que se conhece que sustente o papel causal do estresse subjetivo na mudança imunológica ainda é pouco.
Em relação a um mesmo fator, cada um reage de uma forma. Para a Homeopatia, isso é justamente o que mais deve ser procurado no adoecimento de cada indivíduo: a sua susceptibilidade individual. A qual, leva, justamente à escolha do medicamento através do princípio da semelhança.
Portanto, o que fazer?
Vejo que o principal está em cada um buscar se reconhecer como um indivíduo único, e, nos profissionais da saúde aprenderem também a individualizar cada ser humano que está na sua frente. Um mesmo sintoma de ‘palpitação’ pode simbolizar uma ansiedade para um, uma grande tristeza para outro, e por aí vai.
Precisamos sair da Medicina massificadora na qual o mesmo remédio trata todos os doentes. Pois, como dizia Hipócrates: “Não há enfermidades, e sim, enfermos.”
Cada ser humano é único em sua individualidade, em sua saúde, e em sua doença.
Você gostou dessas dicas para compreender melhor a sua saúde? Ficou com alguma dúvida? Deixe o seu comentário!
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Referências:
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