Nas últimas vezes que você foi no médico, você foi examinado em uma maca? Tenho refletido sobre a valorização do exame médico na maca. Ao invés de ver partes, busco ver o ser humano por inteiro, dessa forma, examinar seu corpo por inteiro é importante. Para isso, serve a maca, para esse contato entre o que leva a mensagem da cura e o que recebe um alento de sua dor.
Eu lembro até hoje, quando minha mãe e meu pai me levavam na minha pediatra, como era bom me sentir examinada. Parecia que, com aquele estetoscópio, ela escutava minha alma, meus segredos.
Era como se eu estivesse exposta. Mas me sentia segura.
A maca outorga uma abertura, mas com confiança.
Uma abertura para a vida que quer nos curar, que quer oferecer um lugar de conforto para as nossas dores, nossos medos e angústias.
A maca para mim simboliza esse encontro. De entregar a confiança, e de receber o interesse genuíno de alguém que quer entender o nosso mistério e nos apoiar.
Não é uma cama, onde vamos nos entregar nos braços de Hipnos, o deus do sono, e nem um leito hospitalar que nos aproxima de Tanatos, o deus da morte (os quais, inclusive, na mitologia grega, são irmãos). É um intermédio. Por isso não temos medo da maca. Mas também não vamos à ela de qualquer jeito, como iríamos à nossa cama.
Não vamos à um médico de qualquer jeito. Nos arrumamos, nos ajeitamos. Buscamos separar os exames, e separar na nossa consciência o que é importante falar. Fazemos listas.
E tudo aquilo que a nossa consciência não considerou como importante, mas que talvez seja justamente onde está a sombra, a dor oculta e profunda, não elaborada pelo nosso consciente, e que, justamente, por não ser reconhecida, se expressou em um sintoma ou uma doença?
Esse momento especial em que subimos na maca e se aproxima um médico é um momento simbólico no qual alguém que inconscientemente representa para nós uma figura de autoridade perante às doenças, se aproxima. Nesse instante, nos abrimos para essa oportunidade de cura, através desse contato, do Arquétipo com o Inconsciente. E então se ativa uma força de cura, que parte de dentro do paciente. Do fundo do seu inconsciente.
A cura sempre vem de dentro para fora. A mente, o corpo e o inconsciente têm seus próprios mecanismos de autorregulação e autocura. Somos só intermédios entre o paciente e a sua fonte oculta de harmonia e saúde.
A maca, um ponto fundamental para esse encontro.
O manifesto da maca! Quando foi a última vez que você foi examinado em uma maca?
Permita que esse encontro ocorra.