Você já conhece as abordagens da Medicina Integrativa para doenças respiratórias? Apesar de não serem muito difundidas no Brasil, essas abordagens podem ser muito eficientes para tratar diversas enfermidades respiratórias.
As doenças infecciosas do trato respiratório são um grupo das doenças mais comuns e disseminadas – desde o resfriado comum e gripe até tuberculose, pneumonia e asma. Alguns deles podem causar problemas de saúde graves e até fatais.
Esse é um assunto que ganhou grande destaque recentemente por conta da pandemia de COVID-19, que pode levar a síndromes respiratórias agudas quando o SARS-CoV-2 atinge os pulmões das pessoas infectadas pelo vírus.
Quer conhecer melhor quais são as abordagens da medicina integrativa para doenças respiratórias? Confira ao longo deste artigo!
O que é a Medicina Integrativa?
Antes de falarmos sobre as abordagens da Medicina Integrativa para doenças respiratórias, é importante destacarmos o conceito da Medicina Integrativa.
O Centro Nacional de Saúde Complementar e Integrativa define a Medicina Integrativa como a combinação de tratamentos convencionais (cuidados usuais ou convencionais ou medicina “ocidental”) com tratamentos médicos tradicionais / antigos complementares de uma forma coordenada. Nos Estados Unidos, estima-se que 38% dos adultos e 12% das crianças estejam usando alguma forma de medicina complementar e / ou alternativa.
Veja quais são os tipos de abordagens complementares de saúde usadas pela Medicina Integrativa:
- Produtos naturais como ervas, fitoterápicos, vitaminas, minerais e probióticos
- Práticas mentais e corporais, como yoga, quiropraxia e manipulação osteopática, meditação e massagem terapêutica, acupuntura, tai chi, qi gong, outras terapias de movimento e técnicas de relaxamento
- Abordagens de saúde complementar, como Ayurveda (medicina antiga da Índia), medicina chinesa, naturopatia e curandeiros nativos americanos tradicionais
6 abordagens da Medicina Integrativa para doenças respiratórias
Veja quais são as principais abordagens da Medicina Integrativa para doenças respiratórias:
1. Fitoterapia
Fitoterapia é o estudo das plantas medicinais e suas aplicações na cura das doenças. Ela surgiu independentemente na maioria dos povos. Na China, surgiu por volta de 3000 a.C. quando o imperador Cho-Chin-Kei descreveu as propriedades do Ginseng e da Cânfora. As plantas podem ser utilizadas em chás, infusões, manipuladas em cápsulas, tinturas, entre outros.
Liberar os sintomas e prevenir infecções bacterianas complicadas são uma regra no tratamento de doenças infecciosas do trato respiratório superior causadas por vírus. Tradicionalmente, os medicamentos fitoterápicos são usados para tratar e prevenir doenças infecciosas do trato respiratório, como resfriado comum e gripe em todo o mundo.
Por exemplo, mais de duzentos produtos patenteados de medicamentos tradicionais chineses foram aprovados no mercado para tratamento e prevenção do resfriado comum, bem como da gripe. Nas últimas décadas, alguns medicamentos fitoterápicos foram desenvolvidos como injeções para uso clínico no tratamento de infecções do trato respiratório, como injeção de Caihu, injeção de Shuanghuanglian, injeção de Yuxincao e injeção de Qinkailing.
Acredita-se que alguns desses medicamentos liberam efetivamente os sintomas, enquanto outros fortalecem a função imunológica do paciente e, portanto, resultam na eliminação do vírus e da bactéria. Por fim, alguns matam os microorganismos diretamente.
Também existem outros fitoterápicos que são utilizados com muita eficácia para prevenção e tratamento de doenças respiratórias como a Equinácea, Sambucus nigra, Guaco, Mentol, Eucalipto, entre outros.
2. Probióticos
A fisiologia e a patologia dos tratos respiratório e gastrointestinal estão intimamente relacionadas. Essa semelhança entre os dois órgãos pode estar na base do motivo pelo qual a disfunção em um órgão pode induzir a doença no outro. Por exemplo, fumar é um importante fator de risco para doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e doença inflamatória intestinal (IBD) e aumenta o risco de desenvolver a doença de Crohn.
Os probióticos foram definidos como “microrganismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas, conferem benefícios à saúde do hospedeiro”. Em sistemas modelo, os probióticos regulam as respostas imunes inatas e inflamatórias.
Os probióticos comumente usados incluem bactérias do ácido láctico, particularmente Lactobacillus, Bifidobacterium e Saccharomyces, e estes são frequentemente usados como suplementos dietéticos para fornecer um benefício à saúde em doenças gastrointestinais, incluindo infecções, doença inflamatória do intestino e câncer de cólon.
A esse respeito, os probióticos provavelmente agem como agentes imunomoduladores e ativadores das vias de defesa do hospedeiro, o que sugere que eles podem influenciar a gravidade da doença e a incidência em locais distais ao intestino. Há evidências crescentes de que os probióticos administrados por via oral são capazes de regular as respostas imunológicas no sistema respiratório.
Probióticos têm sido associados a menos casos de pneumonia durante o uso de ventilador mecânico. Os probióticos podem ajudar a reduzir as infecções pulmonares em crianças saudáveis e hospitalizadas, bem como a diminuir o tempo de resfriado comum. Os probióticos também podem fortalecer uma parte importante do sistema imunológico que ajuda uma pessoa que tem DPOC e fuma a combater infecções pulmonares virais.
3. Homeopatia
A homeopatia atua em todas as doenças respiratórias, sendo que as mais tratadas são a bronquite e a asma – assim como a rinite e a pneumonia. Neste sentido, a prática homeopática pode ser aplicada tanto em doenças respiratórias agudas quanto crônicas, porém com uma abordagem levemente diferente. A homeopatia busca entender os sintomas do paciente e curar o indivíduo de forma integral, promovendo a saúde como um todo.
Assim, os casos de enfermidade aguda têm como principal observação o histórico clínico, o nível físico do indivíduo, e o seu contexto emocional e mental para indicar os melhores medicamentos homeopáticos para o seu tratamento. Neste sentido, um mesmo remédio pode ser utilizado para tratar vários pacientes com a mesma doença aguda.
Já as doenças crônicas necessitam de um grau ainda maior de entendimento do paciente, uma vez que a homeopatia não observa a doença, e sim o doente. Nestes casos, a patologia apresentada é ainda mais individualizada, o que requer uma investigação ainda mais completa por parte do médico homeopata. Por isso, não é indicado o mesmo medicamento homeopático para doenças crônicas para vários indivíduos, a não ser que outros critérios de nível superior tenham compatibilidade, como o nível energético e mental.
A asma e a bronquite são as doenças respiratórias mais tratadas pela homeopatia, e trazem resultados positivos em sua grande maioria, diminuindo os sintomas mais fortes das enfermidades. A maior parte das doenças podem ser tratadas pela homeopatia, mas o resultado depende da condição de cada organismo, uma vez que o tratamento é feito de forma integrada para restituir a saúde completa do paciente, desde os níveis mais profundos do ser, como o energético (a força vital), emocional, mental e por último o físico.
Um estudo avaliou o benefício clínico de uma terapia homeopática complementar para tratar infecções do trato respiratório superior (IVAS). Para isso, os pacientes (faixa etária de 1-65 anos) com IVAS febril receberam tratamento padrão sintomático sob demanda ou medicação homeopática por 7 dias. Ao avaliar a evolução dos sintomas com as medicações, conclui-se que o tratamento homeopático encurtou a duração da IVAS, reduziu o uso de medicação sintomática e foi bem tolerado. [1]
4. Práticas mentais e corporais (yoga, tai-chi, qigong, exercícios respiratórios)
A yoga pode melhorar a qualidade de vida em pacientes com asma e DPOC. Naqueles com DPOC, há algumas pesquisas que sugerem que pode aumentar a função pulmonar de uma pessoa e a capacidade de exercício. Já o tai chi e o qigong em pacientes com DPOC também podem melhorar a capacidade de exercício e a qualidade de vida, assim como acontece com outros tipos de exercício.
Os exercícios respiratórios parecem ser seguros para pessoas com DPOC. Respiração de yoga, respiração com lábios franzidos e respiração diafragmática mostraram melhorar a distância percorrida em seis minutos em uma média de 35 a 50 metros em estudos de pesquisa. Porém, é importante destacar que os efeitos dos exercícios respiratórios na falta de ar e no bem-estar variam de pessoa para pessoa.
5. Mindfulness e meditação
Pessoas com asma que praticam mindfulness podem apresentar melhora na qualidade de vida e redução do estresse. As intervenções mente-corpo (terapia baseada na atenção plena, yoga e relaxamento) podem reduzir a ansiedade e a depressão e podem melhorar a fadiga em pessoas com DPOC e problemas psicológicos.
6. Acupuntura e acupressão
Esses tratamentos são da medicina chinesa envolvendo pressão (acupressão), estimulação elétrica (TENS) ou agulhas que perfuram a pele (acupuntura) aplicadas nos canais de energia do corpo – chamados meridianos.
Acupressão e pontos de acupuntura-TENS podem ajudar a aliviar a falta de ar em algumas pessoas com DPOC ou câncer. Além disso, a acupressão pode melhorar a função pulmonar, alguns marcadores de inflamação e / ou controle dos sintomas em pessoas com asma.
Você já conhecia essas abordagens da Medicina Integrativa para doenças respiratórias? Ficou com alguma dúvida sobre o assunto? Deixe o seu comentário ou envie uma mensagem para mim!
Referências:
[1] THINESSE-MALLWITZ, M.; MAYDANNIK, V.; KELLER, T.; KLEMENT, P. A Homeopathic Combination Preparation in the Treatment of Feverish Upper Respiratory Tract Infections: An International Randomized Controlled Trial. Forsch Komplementmed, vol. 22:163-170, 2015. doi: 10.1159/000430762
LIANG, N. C.; DEVEREAUX, A. Integrative Medicine (Complementary and Alternative Medicine) for the Lungs.American Journal of Respiratory and Critical Care Medicine, Vol. 195, 2017.
WU, T.; BIANG, Z. X.; ABUDU, M.; et al. Complementary and Alternative Medicine for Respiratory Tract Infectious Diseases: Prevention and Treatments. Evidence-Based Complementary and Alternative Medicine, 2014. doi: https://doi.org/10.1155/2014/913095
MORTAZ, E.; ADCOCK, I. M.; FOLKERTS, G.; et al. Probiotics in the Management of Lung Diseases. Mediators Inflamm. 2013. doi: 10.1155/2013/751068
GODOI, J. S.; JUNIOR, O. F.; EVARISTO, A. A EFICÁCIA DO MEDICAMENTO HOMEOPÁTICO PARA O TRATAMENTO DE DOENÇAS RESPIRATÓRIAS. Unifacvest.
QUINTA, A. R. S. Afeções do Trato Respiratório Superior – O Contributo da Fitoterapia. Universidade de Coimbra, 2015.