Conheça os três métodos de restauração da saúde
Você já parou para pensar nas formas que existem de restaurar a saúde?
Observe que há em toda a natureza uma tendência à harmonia, assim como, quando puxamos um galho para baixo, ele tende a voltar ao seu lugar. Da mesma forma, quando algo sai do seu seu bom estado de funcionamento há, no ser humano, uma força natural que tende a restaurar a harmonia perdida.
Quando isto não ocorre de forma natural, surge, então, o papel da Medicina. Que deve, além de ativar estas forças no paciente, buscar combater as enfermidades.
Hipócrates (460-350 a.C.), um marco da ciência e arte médicas, sendo este iluminado médico grego considerado o Pai da Medicina, ensinava que há três métodos de restauração da saúde (ou, da harmonia perdida).
Em seu tempo, Hipócrates introduziu a avaliação metódica dos sinais e sintomas como base fundamental para o diagnóstico. Em termos de tratamento, ensinou que dois métodos terapêuticos poderiam ser utilizados com sucesso: a “cura pelos contrários” (Contraria Contrariis Curentur), consolidada por Galeno (129-199 d.C.) e Avicena (980-1037), que é a base da medicina alopática; e a “cura pelos semelhantes” (Similia Similibus Curentur), reavivada no século XVI por Paracelso (1493-1591) e consolidada pelo médico alemão Samuel Hahnemann, quando este criou a Homeopatia.
E o terceiro método? É justamente o que foi exposto no início do texto, a capacidade de autocura, o que o médico grego chamou de Vis Medicatrix Naturae.
Quer entender melhor estes três métodos ? Confira ao longo deste artigo!
A compreensão do processo de adoecimento
O que você entende como um processo de adoecimento? Certamente essa é uma pergunta que pode levar a múltiplas respostas e diversos entendimentos, não é?
Nos últimos séculos, principalmente nos últimos 200 anos, se construiu uma lógica altamente mecanicista da ciência, da Natureza, e, por conseguinte, da Medicina. Esta lógica fala que o corpo humano é como uma máquina. Quando uma parte estraga, precisa um conserto.
Entretanto, na prática, se vê que não é bem assim. Diferentemente de uma máquina, quando o ser humano adoece e esse desequilíbrio se expressa em alguma de suas partes, há uma outra força capaz de manter a estrutura em funcionamento, que ‘compensa’ a falha de uma ‘parte’. Essa força, o fundador da Homeopatia, o médico alemão Samuel Hahnemann, chamava de força vital.
“No estado de saúde a força vital, autocrática, mantém o organismo em harmonia e sem ela o organismo não age, não sente e se desintegra.” Samuel Hahnemann em Organon – A Arte de Curar.
Passa-se, assim, a se ter uma visão vitalista da saúde, do ser humano, e da Medicina. Dentro dessa visão, se entende que a desarmonia não é de uma parte, e sim do todo. Da força vital que está ‘perturbada’. Assim como um som que está em harmonia, quando recebe um som de interferência, passa a ‘machucar os ouvidos’.
A nossa saúde integral em bom funcionamento é como uma canção, uma canção de liberdade, que fala justamente sobre o nosso propósito na vida. E que permite que possamos realizar o que viemos fazer. É como um rio que flui naturalmente, sem impedimentos, interrupções ou bloqueios.
Mas, e quando um destes bloqueios, interrupções ou danos ocorrem, quais as formas de reparo?
A primeira etapa, neste processo, é uma tentativa natural da força vital em se restaurar, processo o qual Hipócrates chamou de Vis Medicatrix Naturae. Se isso não ocorre de maneira eficaz e é necessário o uso de métodos terapêuticos, eles podem ser de duas formas, através da cura pelos opostos – Contraria Contrariis Curantur – ou, ainda, através da cura pelos semelhantes – Similia Similibus Curantur.
Confira abaixo para entender melhor:
As três formas de restaurar a saúde
Para compreendermos o processo de cura de uma enfermidade, é essencial termos uma visão clara a respeito destes três conceitos:
VIS MEDICATRIX NATURAE – Ensina, Hipócrates, neste princípio, que a natureza se encarrega de restabelecer a saúde do doente e cabe ao médico tratar o paciente imitando a natureza, a fim de reconduzi-lo a um perfeito estado de equilíbrio.
Este método também envolve propiciar ao organismo formas naturais de cura, nas quais as suas próprias forças curativas se tornem mais ativas. Por exemplo, ir para uma estância natural, fortalece a capacidade de reação e o organismo reage. Tratar as pessoas na regiões mais saudáveis, era um exemplo de como se aplicava este método.
Hipócrates acreditava que um organismo não é passivo a lesões ou doenças, mas se reequilibra para neutralizá-las. O estado de doença, portanto, não é uma enfermidade, mas um esforço do corpo para superar um equilíbrio perturbado. É essa capacidade dos organismos para corrigir desequilíbrios que os distinguem de matéria inanimada. Disto segue a abordagem médica de que “a natureza é o melhor médico” ou “a natureza é a curadora de doenças”. Para fazer isso, Hipócrates considerava que o objetivo principal do médico era ajudar esta natural tendência do corpo e, ao observar sua ação, remover obstáculos à sua ação assim permitindo que o organismo recupere sua própria saúde.
O corpo tem um equilíbrio dinâmico de suas forças. E às vezes um sintoma é uma expressão das forças de equilíbrio buscando se estabelecer. Toda a natureza busca o equilíbrio constantemente.
CONTRARIA CONTRARIIS CURANTUR – A cura através dos opostos. É o método preponderante na medicina atual, dita ‘alopática’ (do grego alo – contrário e pathos – doença: sistema ou método de tratamento em que se empregam remédios que, no organismo, provocam efeitos contrários aos da doença em causa.
Por exemplo: se uma pessoa tem uma dor, toma um analgésico, se tem uma inflamação, toma um anti-inflamatório. Se tem uma alergia, toma um antialérgico, e assim por diante.
Quando se trata pelos opostos muitas vezes podem ser gerados efeitos rebotes, e, em algumas ocasiões, a desarmonia continua presente, como um ‘desbalanço’ na energia vital, e acaba por se expressar em outros órgãos, fazendo o chamado caminho centrípeto da doença. Este acaba por aprofundar a desarmonia, a enfermidade, que vai atingindo cada vez órgãos mais nobres até atingir a mente, e pode seguir um caminho desfavorável conforme a seguir:
Distúrbios funcionais (sem lesões anatômicas), distúrbios físicos agudos (inflamações, ferimentos, pequenos acidentes), distúrbios crônicos, processos incuráveis, modificações de órgãos, câncer, morte.
SIMILIA SIMILIBUS CURANTUR – Ou seja, que o semelhante se cura pelo semelhante.
Enunciado por Hipócrates, o pai da medicina, este princípio somente veio a ser convenientemente entendido e aplicado a partir dos trabalhos de Samuel Hahnemann (1755 -1843), ao sistematizar a Homeopatia como um sistema terapêutico completo, vitalista.
Este é o princípio básico e alicerce maior da terapêutica homeopática. Ensina que toda substância capaz de provocar determinados sintomas (físicos ou psíquicos) numa pessoa sadia é também capaz de curar uma pessoa doente que apresente estes mesmos sintomas: esta é a idéia central do princípio da semelhança.
O caminho na direção da cura
Apesar de estarmos falando de visões diferentes no tratamento das doenças, elas não são necessariamente incompatíveis. Podem ser conjugadas e utilizadas, inclusive, de forma combinada, harmonicamente.
Mas, o que se sabe, é que a cura Homeopática, por atuar sobre a energia vital do paciente, e não apenas sobre a parte bioquímica, normalmente vem acompanhada de uma sensação subjetiva de bem estar, e de um estado de harmonia mais prolongado e estável. Ao passo que, na alopatia, após passado o efeito do medicamento, muitas vezes os sintomas retornam.
E agora, o que fazer?
Vejo que o mais importante é o paciente estar definido, dentro do seu processo, a encontrar a sua harmonia perdida. Mais além dos métodos utilizados e das técnicas. Pois, muitas vezes, quando há alguns danos permanentes ao corpo, ou algumas doenças incuráveis, pode ser que a harmonia do corpo não possa ser restaurada.
Porém, a harmonia da mente e das emoções, a cura no plano psicológico, sempre pode ocorrer. O libertar-se de mágoas, o renovar da esperança, o rompimento de inércias e a vitória sobre os medos.
Por fim, talvez o mais importante dentro desse processo, é não caminhar sozinho. Um duro caminho, de libertar-se de dores, se torna mais suave e mais cálido quando trilhado acompanhado. O médico, neste caso, é apenas um meio para que o paciente encontre a harmonia perdida. É, ao mesmo tempo, um condutor e um promotor de transformações, através dos seus medicamentos e do seu amor.
Para isso é necessário conhecer-se a si mesmo. Desta forma, como ensina Rüdiger Dahlke no livro A Doença como Caminho, a doença deixa de ser um inimigo que precisa ser combatido, para tornar-se um amigo no processo de evolução e auto aperfeiçoamento, uma vez que mostra exatamente o que é necessário precisamos mudar, ou ajustar.
Vamos caminhar juntos neste processo?
Você gostou das informações sobre as formas de restaurar a saúde? Está disposto a caminhar em direção à uma melhor saúde? Não perca tempo e agende já sua consulta!
Referências:
Pustiglione, M. Organon da Arte de Curar de Samuel Hahnemann para o Século XXI. 2ª edição. São Paulo: Editora Organon; 2018
Dhoul, Michael. Diga-me onde dói e eu te direi por quê. Elsevier Editora ltda, 2003.
A.D. Corrêa, et al. Similia Similibus Curentur: notação histórica da medicina homeopática
Artigos Especiais • Rev. Assoc. Med. Bras. 43 (4) • Dez 1997
Dethlefsen, Thorwald; Dahlke, Rüdiger. A Doença como Caminho. Editora Pergaminho, Lda. 2002.