Em um mundo cada vez mais acelerado e repleto de enfermidades e desequilíbrios de todos os tipos, acredito que está em uma visão artesanal da medicina o caminho para um reencontro com a verdadeira arte de curar.
Como muitas coisas no mundo industrializado em que vivemos, a medicina também se tornou ‘industrial’, como uma ‘produção em série’, quase automática, onde o médico acaba por assemelhar-se muitas vezes a um robô que executa prescrições. Assim, se faz uma medicina automatizada, com pouco relacionamento médico-paciente, consultas rápidas, centradas na doença e não na saúde.
Cada paciente é um, assim como cada doença se expressa de uma forma em determinada pessoa. Portanto, uma mesma enfermidade, em duas pessoas diferentes, pode ser tratada de forma diferente.
No meu trabalho, busco unir a arte e a ciência, busco a individualização da medicina. Ofereço um tratamento centrado na pessoa, nas suas necessidades, potencialidades e limitações. Para isso precisamos sair do automatismo, da pressa e ter tempo para construir uma relação terapêutica que permita encontrar o caminho para o restabelecimento da harmonia a que chamamos saúde.
Quer entender melhor como funciona esta “Medicina artesanal”? Acompanhe logo a seguir.
A “evolução” da Medicina
Atualmente, os médicos precisam aprender e fazer mais, mais do que nunca. Trata-se de uma espécie de corrida: o sistema de saúde se esforça para prestar um melhor atendimento ao mesmo tempo em que mantém os custos baixos. Enquanto isso, os avanços na ciência e tecnologia médicas significam que há cada vez mais informações para um médico saber – e muitos dos processos podem ser automatizados para ganhar tempo.
Em um hospital, os registros médicos eletrônicos podem tornar a comunicação mais fácil e os registros precisos. Um paciente pode ter seu prontuário acessado por qualquer médico ou enfermeiro. Todo seu histórico de internações e exames podem ser acessados com poucos cliques. Parece uma grande evolução na medicina, não é?
Sim e não. E é por isso que “evolução” está entre aspas.
Enquanto toda a tecnologia e modernização dos atendimentos permitem um ganho de tempo e aumento da precisão técnica, um elemento muito importante é deixado de lado: o desenvolvimento de conexões pessoais.
Às vezes, ter um olhar mais atento pode revelar que há algo mais acontecendo com aquele ser humano. Mas essas pistas surgem em conversas olho a olho e, com o tempo necessário para isso. Uma conversa franca, aberta e um exercício de empatia – o que nenhuma máquina é capaz de fazer.
Além disso, os atendimentos em planos de saúde que muitas vezes são mal remunerados aos médicos, às vezes acabam por obrigar o profissional a atender em pouco tempo. O mesmo ocorre no SUS, que, com a crise econômica atual, encontra-se com filas cada vez maiores.
Por este motivo, eu realizo consultas apenas particulares. O que, a princípio, pode parecer um gasto a mais, deve ser enxergado sob outra ótica. Dinheiro é uma forma de energia, e, como dizem, tempo é dinheiro. Um consulta atenta, individualizada, onde dispomos de diversas ferramentas terapêuticas como homeopatia, fitoterapia, suplementação individualizada, além de um diagnóstico preciso, pode evitar com que você consulte em vários profissionais diferentes, faça exames desnecessários, e gaste o seu tempo e a sua saúde em vão.
Tenho visto muitas vezes, nas minhas consultas, pacientes que passaram por muitos médicos ou que fizeram uma série de exames, e não encontraram uma solução satisfatória, dentro de seu ponto de vista, para o seu problema. De muitos deles, eu escuto dizerem, ao final do tratamento, que aquele valor empregado na consulta foi, na realidade, uma economia.
Veja abaixo alguns benefícios da consulta particular e de uma medicina mais artesanal:
- Disponho de um tempo maior para cada consulta;
- Ofereço meu contato telefônico, caso o paciente necessite de algum suporte, a qualquer horário do dia;
- Construímos uma relação duradoura e de confiança;
- Envio programas de dietas e exercícios além de outros materiais exclusivos aos meus pacientes;
- Me disponho a dar orientações em relação a informações médicas como vacinas, prevenções, etc.
Ser médica é um privilégio extraordinário e íntimo. Também, uma grande exigência e uma responsabilidade. Construímos relacionamentos com nossos pacientes e os vemos em momentos de alegria e sofrimento; nossos relacionamentos mútuos nos ajudam da mesma forma. Porém, é difícil fazer isso de uma forma verdadeiramente satisfatória quando precisamos correr para atender rápido e não temos tempo para construir uma relação de qualidade.
A importância de tratar o paciente – e não apenas a doença
“O bom médico trata a doença; o grande médico trata o paciente que tem a doença” – William Osler (médico canadense, 1849-1919)
Você já se perguntou o que você deseja de um encontro com um médico? Veja algumas colocações da obra de Delbanco [1]:
- Os pacientes querem poder confiar na competência e eficácia de seus cuidadores.
- Os pacientes desejam ser tratados com dignidade e respeito.
- Os pacientes querem entender como sua doença ou tratamento afetarão suas vidas e, muitas vezes, temem que seus médicos não estejam lhes dizendo tudo o que desejam saber.
- Os pacientes desejam discutir o efeito que sua doença terá sobre sua família, amigos e finanças.
- Os pacientes se preocupam com o futuro.
- Os pacientes se preocupam e querem aprender como cuidar de si próprios longe do ambiente clínico.
- Os pacientes desejam que os médicos se concentrem em sua dor, desconforto físico e deficiências funcionais.
Levando tudo isso em consideração, tratar apenas a doença parece ficar abaixo do que as pessoas realmente desejam (e necessitam), não é? Enquanto forem tratadas apenas as doenças – e não as pessoas – os problemas tendem a aparecer novamente.
O que eu entendo como Medicina artesanal?
Em um mundo acelerado e de diagnósticos rápidos, eu acredito que a verdadeira cura está no sentido contrário, em desacelerar e individualizar. Foi com base nessa reflexão que criei o termo “medicina artesanal”.
Faço o comparativo com um caderno. Você pode comprar um caderno industrializado, feito em série, ou um caderno artesanal, que foi feito especialmente para você. Este custará um pouco mais caro, mas a sua relação com ele será completamente diferente. E, com certeza, o que você escreverá ali e como escreverá não será o mesmo do caderno industrial.
A medicina artesanal é como este caderno descrito acima, é baseada na conexão humana e na empatia, focando nas suas necessidades individuais. Em meus atendimentos, busco criar uma conexão real para realmente compreender o que está acontecendo e tratar o paciente de forma mais profunda – e não apenas sua enfermidade do momento.
As enfermidades do corpo são, muitas vezes, “superficializações”, ou expressões externas de desequilíbrios internos. Quando se trata de forma mais profunda e interna o ser humano, os resultados normalmente são mais duradouros e permanentes. Quando se trata apenas dos sintomas, eles tendem a reaparecer em um período de tempo, na mesma forma, ou, através de um processo chamado de supressão, em formas cada vez mais graves.
Veja alguns dos princípios que estão por trás da filosofia da Medicina artesanal:
- Consideração positiva pelos pacientes. Em primeiro lugar, dou aos meus pacientes o respeito que eles merecem. Em vez de agendar inúmeras consultas e atendê-los com pressa, dou o tempo necessário para um atendimento eficiente – valorizando o tempo das pessoas.
- Habilidade de ouvir. Ouvir ativamente é uma habilidade fácil de entender, mas difícil de praticar. No entanto, esse é um passo fundamental para entender o que o paciente está vivenciando. Somente depois de ouvir com atenção é possível refletir sobre o que você acha que o paciente está tentando comunicar e partir para um diagnóstico.
- Oferecer calor pessoal. Essa característica tão importante é frequentemente subestimada por médicos que estão convencidos de que o conhecimento e as habilidades médicas são tudo o que importa. A percepção do calor pessoal é altamente subjetiva, mas inclui características como: ser acessível e ter os pés no chão; bondade e empatia; paciência; um bom senso de humor; e respeito pela diversidade. E isso começa com gestos simples – como receber o paciente com um sorriso e chamá-lo pelo seu nome.
- Exercício de investigação. Nem sempre o diagnóstico está claro depois de uma consulta. Por isso, a medicina artesanal requer um exercício de investigação para encontrar o verdadeiro caminho para os melhores meios para a cura.
- Exercício constante de empatia*. Além de pensar nos aspectos técnicos da medicina, procuro entender as preocupações de cada paciente do ponto de vista deles. É extremamente importante estabelecer uma conexão emocional para chegar ao restabelecimento da saúde.
*Em um estudo publicado na edição de março de 2011 da Academic Medicine [2], pesquisadores da Thomas Jefferson University relacionaram a empatia e a compaixão dos médicos ao sucesso do tratamento de pacientes com diabetes. E os resultados mostram que médicos com altos escores de empatia tiveram melhores resultados clínicos do que médicos com escores mais baixos.
Medicina artesanal para ajudá-lo a encontrar o caminho da cura
“Não há enfermidades, e sim enfermos.” – Hipócrates
Já dizia aquele que hoje é considerado ‘pai’ da Medicina que não se devem tratar enfermidades, e sim pessoas enfermas. Quem adoece é o ser humano, uma complexa unidade integrada em suas múltiplas partes. Hoje vemos o conhecimento cair em uma excessiva especialização, na qual o risco é perder a visão do todo.
Portanto, em meu atendimento busco integrar todos os sinais e sintomas, além da história, condições e hábitos de vida do paciente, incluindo também a sua percepção da doença para juntos chegarmos a um tratamento que o leve em direção a um estado mais equilibrado da saúde física, emocional e mental.
Com a medicina artesanal, busco uma atuação mais altruísta no mundo, em busca da verdade e do aperfeiçoamento constante em prol do alívio de dores e enfermidades. A ideia de saúde, a meu ver, tem relação com o despertar de uma força de cura que existe no interior de cada indivíduo. Procuro, portanto, ajudar meus pacientes a encontrarem o “médico” interno que existe em cada um deles – fazendo com que hábitos, pensamentos e emoções, todos juntos, caminhem em direção ao bem-estar e à saúde.
Você gostou do conceito de medicina artesanal? Não perca tempo e agende já sua consulta. Assim, podemos caminhar juntos em direção à uma melhor saúde. Ser saudável é ser feliz!
Referências:
[1] Newman S, Fitzpatrick R, Revenson TA, Skevington S, Williams G. Understanding Rheumatoid Arthritis. London: Routledge; 1996.
[2] Stefano Del Canale, Daniel Z. Louis, Vittorio Maio, Xiaohong Wang, Giuseppina Rossi, Mohammadreza Hojat, Joseph S. Gonnella. The Relationship Between Physician Empathy and Disease Complications. Academic Medicine, 2012; 87 (9): 1243 DOI: 10.1097/ACM.0b013e3182628fbf